quarta-feira, 22 de julho de 2009

A primeira aventura - O Monte dos Ovinos

Quando em finais de 2005 me perguntaram se eu estaria interessado no Encontro Ibérico de Módulos seguinte (que se realizou em Astorga, Espanha, em Abril de 2006) fiquei entusiasmado e, ao mesmo tempo, em pânico: mas vou participar com o quê?
Na realidade, não só não tinha nada feito, como também nunca tinha feito ou participado na feitura de nada deste género. Andava já há 2 anos a trabalhar na minha estação de Santa Eulália (e continuo), mas achei que para um neófito 3 meses para pôr uma estação a mexer seria demais. Assim fiz agulha para outra via e construi um módulo de plena via, sem nada de especial, e ao qual, e por imposição das regras dos encontros que a isso obrigam, acabei por batizá-lo de Monte dos Ovinos.
Em termos muito simplistas, este módulo é apenas o caixote das normas Maquetren mais as duas vias e com uma decoração muito básica mais para tapar a madeira que para outra coisa. No final do trabalho acabou por ficar o que aqui se vê, na foto 1, uma coisa muito insípida, e sem grande graça. Mas era o meu módulo!
Nesta fase, o módulo tinha, ao fundo, algumas ovelhas do lado esquerdo (e que deram o nome ao mesmo), um terreno vazio, a fazer as vezes de campo lavrado (e que nesta foto levou com um helicóptero em cima), um caminho rural (onde está o Unimog com o reboque) e mato, com duas colmeias laranjas, para quebrar a monotonia. Do lado sul (à frente, portanto), temos campo, o caminho rural anterior (que atravessa a linha numa PN sem guarda) e mais um campo lavrado. O fundo era uma simples cartolina azul sem qualquer pintura.
Mais tarde resolvi enriquecer um pouco toda aquela miséria e assim os campos lavrados acabaram por dar lugar a uma seara (o campo do lado norte), ou mato com uma anta (do lado sul). Também o rebanho foi aumentado, acabando por usar todas as ovelhas que vinham na caixa. À frente apareceram uns caçadores e uns turistas a visitar a anta. Também o piso do caminho foi melhorado, com material mais apropriado. O fundo ganhou uma linda paisagem ao melhor estilo naïf, o que acabou por dar um aspecto mais interessante àquilo.
Com estes pequenos acrescentos o módulo passou a ter alguma vida.
Contudo continua a não ser perfeito. Uma das lições que eu tirei da feitura deste módulo é que devemos dar sempre volume aos módulos (e maquetes). O Monte dos Ovinos acabou por ficar uma coisa extremamente plana, onde a parte mais alta do módulo é o topo dos carris e onde não há uma única elevação ou depressão digna desse nome. Isto cria um efeito de prancha ou tábua-de-engomar e, principalmente, não permite que se esconda ou disfarce a transição do piso do módulo para o fundo.
O que aprendi neste módulo foi:

  1. Em módulos ou troços de maquete em plena via, devemos criar sempre relevos. Na natureza não existem terrenos totalmente planos
  2. Criar sempre barreiras visuais que tapem ou disfarcem a transição do piso do módulo/maquete para o fundo
  3. Estudar bem quais os materiais a usar para que se consiga obter o efeito desejado.
Pelo menos estes 3 pontos irão ser sempre tidos em conta no futuro. Não garanto é que não venha a cair noutros erros.

2 comentários:

LuisLopes disse...

Ricardo, mais que certos, as suas ideias!

Nos meus módulos, apesar de serem N, vou criar o mesmo... Mesmo as cidades não são construídas no mesmo plano... Repare-se em Lisboa!!

Força nisso!

Ricardo Moreira disse...

Eu falei na plena via pois, como sabe, nos módulos maquetren não há muito espaço, principalmente se representarem estações. Aí, e na melhor das hipóteses, poderemos aproveitar um ou outro canto para fazermos elevações.
Nos vários encontros e exposições em que participei notei que nos módulos de estação os próprios edifícios acabam por "quebrar" o "efeito de prancha". Geralmente apenas se fazem uns pequenos montes ou valas no lado contrário ao do EP (o qual fica, geralmente, vazio).
Claro que há excepções e módulos com estações onde aparecem elevações e por vezes até importantes. Veja-se o caso dos módulos da bifurcação de Chelas do Pedro Branco onde foi representada a barreira que existe na realidade (entre o apeadeiro de Chelas e as Olaias/Picheleira em Lisboa).
Mas, como eu disse, são excepções. No que estou a fazer, da estação de Santa Eulália (na linha do Leste, no concelho de Elvas), nunca poderia pôr elevações daquelas por manifesta falta de espaço: o EP fica encostado ao fundo e o cais coberto teve que ser reduzido a quase 3/4 da profundidade que deveria ter para caber no espaço disponível!
São as contigências com que os modelistas ferroviários têm que viver, como o Luís muito bem conhece!