terça-feira, 7 de julho de 2009

O que é um módulo?

Panorâmica do Pavilhão Multiusos do Entroncamento no Encontro de Módulos Maquetren de Outubro de 2008
Maquete Modular em Y

Para a maioria das pessoas uma maquete de comboios é uma linha, geralmente oval, com uns quantos desvios para quebrar a monotonia, colada a uma base de madeira e onde um maluco passa os dias a olhar para um ou vários comboios a dar voltas intermináveis durante horas a fio. Isso é verdade quando aplicado às maquetes tradicionais.
Em meados do século passado as coisas começaram a mudar, inicialmente de forma lenta, mas depois, tal como um comboio, com velocidade crescente. Começaram a surgir outras filosofias de maquetes, como as ponto-a-ponto, as maquetes em 'I', 'E', 'U', forma de 'osso', as micro-maquetes, autênticos dioramas funcionais (para mais informações sobre este tipo de maquetes aconselho vivamente uma visita ao site Micro/Small layouts) e, as que para aqui interessam, as maquetes por módulos.
A ideia dos módulos em maquetes é idêntica à dos módulos, por exemplo, aplicados ao mobiliário. Com várias peças mais pequenas vai-se criando uma peça maior e de acordo com as nossas necessidades: uma escrivaninha aqui, daquele lado uma estante aberta e do outro outra fechada. As maquetes por módulos funcionam de igual forma, mas com uma vantagem adicional face aos móveis por módulos que é a de serem montados e desmontados muito mais facilmente (não conheço ninguém que passe o tempo a montar e a desmontar os móveis). Isso permite uma maior versatilidade que as maquetes tradicionais:
  1. Apenas ocupam espaço na casa quando estão a ser usadas. Quando não estão podem ser simplesmente desmontadas e arrumadas a um canto;
  2. Ao contrário das maquetes tradicionais, nas maquetes por módulos temos uma grande liberdade de mudar todo o layout sem que, para tal, tenhamos que desmanchar o que já temos feito;
  3. Esta versatilidade torna todo o jogo mais interessante, não se caindo na monotonia de uma maquete indeformável. Assim, se num dia nos apetece fazer só comboios de passageiros podemos usar os nossos módulos de estações. Se, pelo contrário estivermos mais numa de mercadorias, aqueles módulos de fábricas, armazéns e terminais de contentores são chamados ao serviço.
Para que tudo isto funcione, os módulos têm que ser pensados de forma a que os seus extremos se possam ligar sem problemas funcionais, tanto no que diz respeito à parte eléctrica, como na parte física, com os carris de um módulo a terem que se encontrar com os do adjacente.
Estes factores levaram a que se fossem construindo várias normas, onde, de forma precisa, são definidas dimensões, cablagens eléctricas, fichas de ligação, etc. Das várias normas existentes a que eu utilizo é a norma Maquetren, desenvolvida pela revista com o mesmo nome na década de 1990. Ao longo de todos estes anos vários modelistas foram construindo um conjunto de módulos que, tal como o número de modelistas, cresce de ano para ano, o que permite que duas vezes por ano se realizem encontros ibéricos com layouts formados por esses módulos e que por várias vezes ultrapassaram os 100 metros de comprimento.
Curiosamente, nos primeiros encontros os layouts formados pelo conjunto dos módulos eram a tradicional forma oval, com algumas curvas e reentrâncias pelo meio. Actualmente os esquemas já são ponto-a-ponto, tendo nos últimos encontros sido usado um esquema em Y com duas pernas em via dupla e uma terceira em via única.
No próximo post apresenterei sumariamente a norma Maquetren.

4 comentários:

APS disse...

Caro IBERISTA

Gostei muito de visitar a sua página de combóios.
Tive um amigo que morava para "Campo de Ourique", que tinha em casa uma sala toda ocupada com a maqueta de combóios.
Agora observo que todo o sistema de maquetas está alterado, optando-se pelo sistema modular.
Desejo que se divirta com os seus combóios.
Um abraço
APS

Ricardo Moreira disse...

Caro APS,

Os módulos são apenas mais um "sistema de maquetes". Continua (e continuará) a haver quem prefira as maquetes "fixas". As maquetes modulares, assim como as micro-maquetes (em muitos caso verdadeiros dioramas funcionais) surgiram apenas pela necessidade imposta por casas com áreas cada vez menores.
Até porque o sonho de um modelista ferroviário continua a ser o mesmo de há 100 anos: ter uma parte da casa por conta dele (mesmo que se tenham que deitar paredes abaixo)!

http://trains.smugmug.com/ disse...

Vi e li a sua página e gostei .Segui o seu conselho e dei uma vista de olhos por " Micro/Small layouts " e cheguei à conclusão que não ando muito longe do tema , embora com limitações ...
Tenho uns dioramas que posso acopolá-los a uma pista , para ao menos rodar as locomotivas , porque o espaço em casa não é muito e também para acomodar o material ferroviário que fica mais bonito .
Enfim é o que se pode arranjar para agora .
Se tiver ocasião visite a minha galeria e veja os dioramas ( simples ...) que fiz
Cumprimentos

http://trains.smugmug.com/

Ricardo Moreira disse...

Obrigado pelas suas palavras, amigo João Silva. Já estive a dar uma espreitadela no seu site (que vai passar a constar da lista ao lado :)) e vi o que tem feito! Muito bom e muito na onda daquilo que o José Filipe faz. Caso não conheça aqui fica o site dele: http://www.themodelworkbench.blogspot.com/